Preciso contar essa.
Os domingos em Belém são camuflados de uma certa carência desconformada que se faz como festa. Festa porque é dia de descanso, mas quem trabalha a semana inteira quer mesmo é festa. Ainda mais no dia "mais legal", que é o do reggae.
Aqui o reggae não é reggae de verdade... Ninguém vai pro Tributo ao Bob Marley de chinelo. Tá todo mundo super arrumado, com o óculos mais bonito e espelhado. Gente que gosta de sair do shopping e ir pro reggae (pelo menos é o que parece).
Não dá pra andar na rua porque o crime tá solto. E não é porque Belém é horrível. É porque Belém é linda, maravilhosa e elegante. Parece que todo mundo esqueceu como é bom andar por aí, olhando de perto os monumentos bonitos que os arquitetos deixaram pra gente. Dá pra conferir a elegância com tantos carros novos numa mesma rua. (DE QUE ANO É O MEU CARRO MESMO?!)
Qual foi a última vez que vocês foram no SESC Boulevard pra admirar as lindas esculturas de Mercúrio?! É um salão cheio delas... É tão bonito. Dá vontade de ficar horas ali.
Aí nessas horas, de fila de banheiro químico - que é a própria fila de entrada do local do REGGAE - me pego pensando: estou sendo reggaeira?! Estou dentro dos meus princípios éticos e consciencia integral?! Quem são esses papagaios? Por que briga pra entrar no local?
Peguei e fui embora. Um assalto na esquina. Um pão com manteiga, um mingau de milho.
CASA.




